Universo meu e teu!

É daquele universo do qual você houve falar com frequência, nas aulas de ciência, geografia, ufologia ou qualquer que seja. Aquele mesmo citado nas matérias de TV, nos textos filosóficos e, vez ou outra, enfiado nas páginas de revista.
É um universo medíocre para quem assim o constrói em sua volta, afinal, só é capaz de fazer o próprio universo cada um por si. Infelizmente, para o mal desta sociedade dormente, a cegueira e ignorância (entre outros adjetivos baixos) conduzem os seres humanos inconscientemente a nascer e morrer num universo chulo. “Nascer” e “morrer”, apenas, pois para estes não há o essencial e mais mágico dos verbos: viver. Para muitos, o Universo que habita no interior fica intocado por décadas, em algumas casos pela vida toda e viver é seguir apenas os passos já traçados pelos que já se foram, e não arriscar marcar pegadas novas. É trilhar no caminho delineado, pois assim o risco de perder-se é diminuído consideravelmente.
Eis então o desafio: convencer estes seres feitos de carne e osso (que mais parecem máquinas com roldanas e engrenagens) de que a graça do verbo “viver” está justamente no arriscar-se. Arriscar-se a pisar fora da linha, a nadar contra a correnteza, a dormir no meio do mato quando se tem uma casa de concreto quentinha e confortável. Arriscar-se a defender ideais raros, a depositar amor em tudo – este o ato mais revolucionário de todos os atos.
Muitos de nós, talvez a maioria, temos estes exemplos vivo dentro de casa. Eu mesma segui por um bom tempo neste princípio de vida os mesmos padrões, levando um dia após o outro num comodismo instaurado. Dias em que nenhum passo novo é dado em virtude do medo, causando o martírio póstumo e acinzentado. Temos medo de falhar, medo dos “não”, medo de não sermos bons o suficiente para nós mesmos e para os outros; medo de decepcionar e decepcionar-se.
Este senhor sombrio, inventado pela mente humana como mecanismo de defesa, nada mais é do que dos agregados do Ego – monstro maior que habita dentro de nós sem que nem nos demos conta – e impedem o homem de descobrir o que virá provocando receios irracionais que paralisam a alma, afirmando de antemão (e sem nenhuma certeza real) que os resultados serão necessariamente negativos e, por isso, devem ser evitados.
E a mente do homem vai além: é como uma máquina robótica, sempre em constante funcionamento. O sistema frontal superaquece e corre grande risco de entrar em colapso caso não lhe seja concedido uma pausa. Esta pausa, ou seja, o desligamento temporário do funcionamento geral da máquina, é vital. É claro que eu e você não temos um botão de verdade no meio da testa onde se possa apertar “ligar” e “desligar” quando se bem entender (seria fantástico!), mas outras medidas substitutivas (e muito mais interessantes) estão à disposição de todos de maneiras mais simples do que se possa imaginar.  
Passar o tempo consigo mesmo, descobrir (ou redescobrir) paixões pessoais e aprender a sentir-se amado por si próprio. Os clichês também valem: ler livros, ler blogs, assistir filmes ou programas idiotas na TV, seriados, documentários, e até caminhar sem rumo certo nas ruas próximas de casa, apesar de parecerem hábitos bobos, trazem efeitos benéficos pra alma de uma forma quase imperceptível, porém muito transformadora. Enfim, para encontrar-se consigo e estar em comunhão com o Universo como um todo, é como diria o síndico, “Vale! Vale tudo!”. 


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