ENTRETENIMENTO
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Como falei na postagem anterior, desde 2012 eu estou em uma constante busca de volta para a minha casa. Aquela, no meio da floresta, entre a cachoeira e a praia, de madeira, onde as portas e janelas são lenços. O lugar do descanso dessa vida real, tão louca e caótica. Onde eu encontro a mulher selvagem – ou não.
Fazia tempo que nós não nos víamos. Muito tempo. Será que eu ainda a reconheceria? Acho que não.
E domingo (23/08), eu a (re)conheci.
Inicialmente, fui tomada pelo medo. Afinal, por mais tempo que tenhamos passado desconectadas, ela ainda era eu. Ou, pelo menos, uma parte muito importante de mim. E ela era tão grande, forte e... selvagem, que entrei em pânico. Esqueci como se respirava e porque eu tinha tido a ideia absurda de sair de casa para aquilo. Eu, que sempre me vi como um vulcão prestes a explodir, senti que era nada. Até que, com toda aquela invasão, percebi que eu era nada. Pelo menos quando estava sem ela.
E então eu senti todo o amor que ela sente por mim e eu por ela. Senti que não estávamos mais tão separadas. Entendi que eu não podia reaparecer assim, do nada, como se tudo estivesse bem, enquanto, na verdade não estava. Não bastava só ler alguns livros e textos ou fazer terapia para conseguir o perdão. Eu precisava mergulhar nesse arrependimento para me descobrir mulher.
Mergulhei tão fundo que escorri em forma de ovulação. Fui tão longe que senti o coração de Pachamama batendo quando encostei meus pés na profundidade. E percebi que ali era o lugar que todas as mulheres selvagens se encontravam. Para dançar, cantar, curar as feridas, trocar experiências, amar, agradecer, sangrar, escorrer, respirar e viver.
Desde esse domingo eu a sinto comigo. Ensinando-me sobre a lua, o tempo dela e o meu, as horas de me recolher e quando me mostrar, falar ou calar, o chá a ser tomado, a planta a ser cuidada, os filhos felinos a serem amados, a conexão com o lar, o parceiro e a liberdade.